23/03/2015 às 14h08min - Atualizada em 23/03/2015 às 14h08min

APTA realiza curso teórico e prático de inseminação artificial em búfalas

A Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) realizará o Curso de Inseminação Artificial em Búfalas, de 24 a 28 de março de 2015, na Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento da APTA, em Registro, interior paulista.

O objetivo do curso é fornecer informações básicas da técnica de inseminação artificial em bubalinos, orientando e treinando os produtores rurais, para tornarem-se aptos no emprego da tecnologia. Segundo o pesquisador da APTA, Nelcio Antonio Tonizza de Carvalho, a utilização continuada da inseminação artificial é imprescindível para as pequenas e médias propriedades de criação de bubalinos, pois possibilita ganhos diretos e indiretos, melhorando as condições socioeconômicas dos criadores. A APTA é ligada à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

“O curso contribui para a difusão tecnológica da inseminação artificial e para o treinamento dos criadores, funcionários e técnicos envolvidos com a atividade. Esperamos, com isso, promover a utilização dessa tecnologia para os produtores do Vale do Ribeira, maior região produtora de búfalos do Estado”, afirma o pesquisador da APTA. Apesar de vantajosa e bastante difundida entre os criadores, a técnica é ainda pouco utilizada pelos produtores brasileiros. Aproximadamente, 0,5% do rebanho de búfalas é inseminado no Brasil, enquanto na Índia, por exemplo, esse índice é de 60%.

A inseminação artificial consiste na deposição de material genético masculino no sistema reprodutivo feminino. O objetivo da técnica é promover o melhoramento genético do rebanho, tanto na produção de carne quanto na produção de leite. Carvalho explica que os resultados dependem muito do doador de sêmen. 

“Se o touro utilizado tiver potencial de transmitir mais de 300 litros de leite na lactação, sua filha produzirá, na média, mais 300 litros do que sua mãe produziu. Isso é chamado de diferença esperada na progênie (DEP)”, explica o pesquisador da APTA. O mesmo ocorre na produção da carne, que depende do potencial do touro em produzir bezerros mais pesados no nascimento ou na desmama.

Segundo Carvalho, a inseminação é imprescindível para o melhoramento genético dos bubalinos, trazendo benefícios diretos e indiretos para os criadores. Diretamente, os ganhos estão na característica genética passada para a progênie. “Os maiores ganhos, no entanto, não são obtidos de maneira direta. Esta técnica requer estruturação da propriedade, com melhorias no ambiente, nutrição e sanidade do rebanho, além da melhora na organização e registros de dados importantes do animal, o que os beneficia para expressarem seu potencial genético. Por isso, dizemos que traz benefícios, principalmente, para os pequenos e médios criadores”, afirma.

O custo da inseminação artificial, cerca de R$ 80,00 por prenhez, é considerado baixo. “Geralmente, fazemos o seguinte cálculo: para a técnica ser economicamente viável, a inseminação deve custar menos do que uma arroba do animal. Como o valor da arroba do búfalo, hoje, está ao redor de R$ 120, o custo para o emprego da tecnologia é bastante atraente”, explica Carvalho. O retorno do investimento começa já com o nascimento do bezerro.

O processo de inseminação artificial em búfalas é bastante parecido com o de bovinos, diferindo em apenas algumas peculiaridades. Nas búfalas, o sistema genital é um pouco menor e mais musculoso, do que nas vacas. O protocolo de sincronização da ovulação também tem pequenas diferenças nos horários de aplicação dos fármacos e no momento da inseminação.

A inseminação artificial é considerada uma técnica de fácil execução, sendo necessária apenas, dependendo da situação, de duas pessoas no trabalho. A principal dificuldade recai sobre a observação do cio para a realização do processo. 

Em búfalas, essa observação é mais difícil do que nos bovinos, principalmente por conta das fêmeas terem baixíssimo comportamento homossexual, ou seja, poucas búfalas tem o hábito de montarem sobre as outras. Segundo Carvalho, a aceitação da monta indica que o animal está no cio e é comum no caso das vacas. “Por conta dessa dificuldade, foram realizados inúmeros estudos para o desenvolvimento de protocolos de inseminação artificial em tempo fixo (IATF). Hoje, os protocolos já estão estabelecidos e, dessa forma, não existe mais nenhuma dificuldade para o emprego da técnica nas propriedades”, afirma Carvalho.

Curso de inseminação em búfalas

O curso de inseminação em búfalas, realizado pela Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento da APTA de Registro, está em sua 25ª edição. Um dia antes do início do curso, que este ano será em 24 de março, é realizado o Seminário de Produção e Reprodução Animal. O objetivo é orientar os pecuaristas sobre as melhores opções de manejo reprodutivo e nutricional, divulgar pesquisas na área e reunir pesquisadores para troca de informações com produtores, técnicos e estudantes.

Os eventos serão realizados pela APTA, em parceria com a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI – EDR de Registro), a Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (FAESP) e o Serviço de Aprendizagem Rural (SENAR), por intermédio do Sindicato Rural do Vale do Ribeira.

APTA possui uma das poucas unidades de pesquisa brasileira exclusiva para estudos com bubalinos

A APTA é uma das poucas instituições de pesquisa brasileira que mantém uma Unidade exclusiva para realizar estudos com bubalinos, desde 1986. A Unidade de pesquisa está localizada em Registro, interior paulista. A Agência participa de projeto de pesquisa inovador na transferência de embriões produzidos in vitro. Por meio da técnica, é possível reduzir em mais de 50% o tempo que seria necessário para o melhoramento genético do rebanho bubalino. O trabalho é realizado em parceria com o Departamento de Reprodução Animal da FMVZ/USP, a empresa In Vitro Brasil S. A e o Sítio Paineiras do Ingaí.

A pesquisa paulista também contribuiu para o desenvolvimento de protocolos de sincronização da ovulação, que possibilitam a inseminação artificial das búfalas durante o ano todo. 

Há 15 anos, as búfalas se reproduziam apenas na estação reprodutiva considerada favorável à espécie, no outono e inverno, período em que as fêmeas bubalinas produzem o hormônio melatonina, responsável pela produção e liberação de outros hormônios envolvidos com a reprodução. Por esse motivo, os animais concentravam a produção de leite em determinado período do ano, o que é ruim para todo o setor produtivo. Com o trabalho da APTA, hoje existe a possibilidade de tornar mais linear a produção de leite, pois, por meio da administração de fármacos, seguida da IATF, as búfalas podem parir e entrar em lactação durante todos os meses do ano.

Produção nacional

O Brasil possui o maior rebanho bubalino do Ocidente, estimado em três milhões de animais pela Associação dos Criadores de Búfalos do Vale do Ribeira, sendo cerca de 80 mil no Estado de São Paulo e 23 mil no Vale do Ribeira. 

A principal atividade é a exploração leiteira, com produto com elevado teor de sólidos, quase que exclusivamente destinado à industrialização, cotado no Vale do Ribeira entre R$ 1,60 e R$ 2,20 o litro. No Rio de Janeiro, é possível encontrar laticínios pagando R$ 3,00, por litro do leite de búfalo.


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