O pesquisador do Instituto de Laticínios Cândido Tostes (ILCT) Pedro Henrique Baptista de Oliveira integrou uma comitiva formada por representantes do governo da Bahia e por empresários do setor laticinista daquele estado durante viagem de uma semana à Argentina. O evento em maio de 2013 contou com um grupo de cerca de 18 pessoas e foi patrocinado e organizado pelo Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados do Leite do Estado da Bahia (Sindileite), junto à ADABI – Bahia e donos de laticínios da Bahia. Esse grupo percorreu quatro províncias do país (Buenos Aires, Santa Fé e Córdoba) e visitou fábricas de equipamentos, as principais indústrias laticinistas e órgãos institucionais de pesquisa em leite e derivados.
O objetivo principal da comitiva foi conhecer com mais detalhes o sistema de concentração e secagem de leite e soro em pequena e média escalas, a convite do pesquisador que, em 2010, já havia visitado a Argentina com o mesmo propósito. A partir da palestra: “Concentração e secagem de soro em pequena escala industrial” proferida ao Sindileite em 2011 em Salvador foi que surgiu a ideia de realizar a viagem.
Em Buenos Aires, eles foram recebidos pelo vice-ministro de Agricultura da Argentina e visitaram a fábrica La Serenisima, uma das maiores da América Latina em capacidade de processamento de leite (cerca de 5.000.000 litros por dia na indústria). O interessante dessa empresa é que ela possui um fortíssimo controle de qualidade (livres de brucelose e tuberculose e CBT menor que 50.000, o que ela faz questão de mostrar nos seus rótulos).
Além disso, tiveram a oportunidade de visitar algumas empresas que projetam, constroem e montam equipamentos de concentração e secagem de leite e soro em diversas escalas industriais, entre elas: a Sei-Contreras, (Buenos Aires) e ESPAQFE (Santa Fé)
Na província de Santa Fé mantiveram contato com pesquisadores do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (Inta), que realiza trabalhos de pesquisa similares à Embrapa Gado de Leite e ao ILCT no Brasil, enquanto em Córdoba – uma das regiões que mais produz leite na Argentina – eles tiveram novo contato com a Escuela Superior Integral de Lechería (ESIL), em Villa Maria, com estrutura, metodologia de ensino e prestação de serviços parecida com a do ILCT.
Em Villa María, cidade da região de Córdoba, eles finalizaram a visita conhecendo um laticínio que possui equipamentos da SERVINOX de pequena e média escala. Essa indústria iniciou secando 30.000 litros de soro (2011) e hoje já recebe cerca de 100 litros de leite ao dia e produz WPC 35% (whey protein), soro em pó e leite em pó, além de doce de leite (pré-concentrado por evaporação). Nela puderam ver equipamentos de concentração de pequeno porte (3000 l.h-1) e secagem, bem como discutiram a viabilidade técnica e econômica dos mesmos e as economias de tempo e energia que eles proporcionam a todos os processos/tecnologias.
Portanto, espera-se que a viagem desperte o interesse do Estado em permitir o patrocínio para construção de postos de concentração e/ou secagem de leite (para evitar problemas de demandas de laticínios em função de secas prolongadas como agora) e de soro (para diminuir os impactos ambientais que tem sido causados pelo aumento de queijarias em todo estado). Desta forma, o estado da Bahia poderia se consolidar como produtor de leite de qualidade e quantidade.
Por outro lado, segundo o pesquisador, seria interessante levar para a Argentina, outras comitivas de outros estados do Brasil, especialmente do Nordeste e Norte que enfrentam secas e/ou problemas logísticos de produção de leite. Com isso, poder-se-ia aproveitar o conhecimento da tecnologia já consolidada no país vizinho em produção em pequena escala de leite e soro em pó. Isto permitiria uma maior estabilidade do preço ao produtor, indústria e consumidor final, além é claro de se obter um produto de melhor qualidade para todos.
Saudações Laticinistas
Pedro Henrique Baptista de Oliveira
Professor/Pesquisador do ILCT/EPAMIG