05/08/2008 às 09h13min - Atualizada em 05/08/2008 às 00h13min

Búfalos - Um pouco de história

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Os búfalos são animais domésticos utilizados para a produção de carne e leite destinados ao consumo humano, além de serem algumas vezes aproveitados como força de trabalho no campo. Possuem temperamento bastante dócil, o que facilita sua criação e manejo, e são muito rústicos, adaptando-se bem às mais variadas condições ambientais.

São classificados na sub-família Bovidae, gênero Bubalis, sendo divididos em dois grupos principais: o Bubalus bubalis com 2n=50 cromossomos, também conhecido como "water buffalo", e o Bubalus bubalis var. kerebau com 2n=48 cromossomos, denominado búfalo do pântano ("swamp buffalo"). Convém lembrar que o búfalo doméstico nada tem a ver com o bisão americano nem com o búfalo africano, sendo estas espécies selvagens e agressivas.

No Brasil, são comuns as raças Mediterrâneo, Murrah, Jafarabadi e Carabao. Os animais da raça Mediterrâneo têm origem italiana, dupla aptidão (carne e leite), apresentam porte médio e são medianamente compactos. A raça Murrah, indiana, apresenta animais com conformação média e compacta, cabeças leves e chifres curtos, espiralados enrodilhando-se em anéis na altura do crânio. Jafarabadi, também indiana, é a raça menos compacta e de maior porte que existe no mundo, com chifres mais longos e de espessura menor, com uma curvatura longa e harmônica. A raça Carabao é a única adaptada às regiões pantanosas, estando concentrada na ilha de Marajó, no Pará; originária do norte das Filipinas, apresenta pelagem mais clara, cabeça triangular, chifres grandes e pontiagudos, voltados para cima, porte médio e dupla aptidão.

O búfalo foi introduzido no Brasil no final do século passado, inicialmente na ilha de Marajó, no Pará, porém sua importância como produtor de carne e leite no país é fenômeno recente. Segundo estimativas recentes, o rebanho bubalino brasileiro é da ordem de 3 milhões de cabeças, com o maior índice de crescimento dentre todos os animais domésticos. É o maior rebanho bubalino das Américas.

Os bubalinos podem ser criados nas mais diversas condições climáticas, muitas vezes apresentando-se como uma opção para o aproveitamento de áreas da propriedade às quais os bovinos não se adaptam. A preferência por regiões alagadas ou áreas pantanosas é bastante peculiar para a espécie; isto ocorre porque os búfalos possuem um menor número de glândulas sudoríparas em relação aos bovinos e sua pele escura apresenta uma espessa camada de epiderme, fazendo com que eles sejam menos eficientes na termorregulação corpórea. Assim, eles procuram a água para se refrescarem e para se protegerem do ataque de insetos e parasitos.

Por serem pouco seletivos quanto à ingestão de vegetais e sub-produtos, os bubalinos transformam qualquer volumoso de baixo teor nutritivo em componentes necessários para o seu metabolismo energético, transformando-os em carne, leite e trabalho.

Do ponto de vista reprodutivo os bubalinos se assemelham aos bovinos, entretanto apresentam características inerentes à espécie, como por exemplo algumas particularidades do ciclo estral da búfala e a possibilidade de sazonalidade reprodutiva, variável de acordo com a região. Diversas biotécnicas reprodutivas podem ser utilizadas com o intuito de aumentar os níveis de produtividade dos rebanhos, como por exemplo a inseminação artificial e a transferência de embriões.

Embora os búfalos sejam reconhecidamente mais resistentes a determinadas enfermidades que os bovinos, estas duas espécies são acometidas basicamente pelas mesmas doenças. As criações extensivas de búfalos podem apresentar alta mortalidade de bezerros devido à infecção por Toxocara vitulorum. Outros parasitas gastrointestinais podem causar grandes prejuízos à criação.

A incidência de brucelose é comum em várias regiões. A tuberculose também é um problema em algumas áreas, especialmente devido à coabitação com a espécie bovina. A Leptospirose pode acometer os bubalinos, pois os microorganismos sobrevivem melhor em regiões úmidas, que são as preferidas pelos búfalos. Outras enfermidades têm sido identificadas, dentre elas as tripanossomíases, filarioses, sarnas e piolhos (Haematopinus tuberculatus).

Várias publicações em diferentes países têm destacado a excelente performance do búfalo como produtor de carne, sendo que esta possui menos gordura saturada, colesterol e calorias e maior conteúdo de proteína nobre quando comparada a outras carnes produzidas pelas diferentes espécies domésticas. O leite de búfala, por sua vez, é apreciado em todo o mundo. Apresenta coloração branco opaca e pH entre 6,43 e 6,80. Em relação ao leite bovino, possui micelas de caseína maiores, coagula muito mais rápido e seus produtos derivados tendem a ser um pouco mais duros, secos e quebradiços. O couro dos búfalos é mais espesso, pesado, poroso e flexível que o do bovino, sendo por isso muito utilizado para a fabricação de derivados de couraria fina.

Em muitas localidades do mundo, principalmente na Ásia, os búfalos são a fonte principal de força motriz para trabalho nas áreas rurais. É considerado como imprescindível nas culturas de arroz, coco, dendê e na agricultura familiar, sendo ainda utilizado para transporte e para puxar carroças e arar o solo.

Graciana Corrêa Romitto
Estudante de veterinária, FMVZ-USP


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