12/12/2017 às 13h21min - Atualizada em 12/12/2017 às 13h21min

Alergia à Proteína do Leite da Vaca vira oportunidade para produtores de laticínios

O aumento do número de pessoas que apresentam restrições ao consumo de leite de vaca fez com que nos últimos anos crescesse a oferta de leite e derivados em supermercados para o público intolerante à lactose. No entanto, existem pessoas que apresentam outra restrição: a intolerância à proteína do leite. Algumas questões sobre a Alergia à Proteína do Leite da Vaca (APLV) estão em destaque no boletim produzido pelo Sistema de Inteligência Setorial (SIS) do Sebrae.

Segundo a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), atualmente no Brasil existem cerca de 350 mil crianças alérgicas ao leite de vaca (esse tipo de doença atinge mais crianças, principalmente bebês). Destas 350 mil, estima-se que 70 mil já tiveram ou vão ter alguma reação do tipo anafilática, o que torna o problema ainda mais grave. Estudos ligados à saúde apontam que de 5% a 8% dos bebês possuem alergia ao leite e 0,5% a 1% dos adultos desenvolvem o mesmo problema.

Atualmente a maioria do leite de vaca produzido no Brasil possui a proteína que causa a alergia. Para produzir leite e seus derivados sem a proteína é necessário que o rebanho de vacas possua um manejo diferenciado e uma criação separada das demais. Além dessas medidas, todas as demais etapas da cadeia produtiva também necessitam de cuidados especiais, encarecendo a produção e repassando os custos ao cliente final.

Esse contexto de crescimento da demanda e oferta baixa oferece oportunidades aos produtores. O desafio consiste em tornar o preço da produção mais acessível, já que uma lata contendo leite não alérgico chega a custar R$ 200.

Pesquisa e produção

A proteína betacaseína tipo A1 é o elemento causador da alergia ao leite de vaca. Para produzir um leite não alérgico é necessário que haja nos rebanhos vacas com os genes A2A2. O melhoramento genético é a melhor alternativa na produção. O principal obstáculo é que para a obtenção de um rebanho homozigoto (ou seja, A2A2) são necessários muitos anos de trabalho.

O Brasil já caminha com pesquisas para a produção de leite não alérgico. O país muitas vezes importa métodos e conhecimentos de países em que estão com pesquisas avançadas. Isso porque a oportunidade de oferecer produtos no mercado sem a proteína deve crescer para atender a esse mercado consumidor em expansão.

Na Empraba, a unidade Gado de Leite da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária lidera um estudo sobre genotipagem de vacas. A pesquisa trabalha com o melhoramento genético e tem como objetivo excluir o A1 dos genes, criando apenas vacas de A2A2, ou seja, que não possuem a proteína animal que gera a alergia.

Os zebuínos, gir,sinsi,guzerá e girolando, são os animais mais adequados para esse tipo de manejo. O laboratório Gene/Genealógica, de Belo Horizonte (MG) desenvolveu uma metodologia que implica baixo custo para a verificação dos genes. Ao longo do tempo ter um rebanho não alérgico pode ser uma grande oportunidade aos produtores.

Trabalhando com essa prática genética há oito anos, o produtor e veterinário Eduardo Falcão, de São José dos Campos (SP), lançou o primeiro produto brasileiro não alérgico. Ele oferece queijos, iogurtes e manteigas. Ele possui atualmente 250 animais da raça gir leiteiro, todos A2.

Em Carlos Barbosa (RS), o Sindicato de Leite e Laticínios do Estado do Rio Grande do Sul (Sindilat) desenvolve um projeto de genotipagem. Com os testes genéticos e o manejo diferenciado e aplicados na cadeia produtiva, estima-se que o leite não alérgico possa chegar às prateleiras dos supermercados a um valor de R$ 12.

No Piauí, criadores da raça gir leiteiros de origem indiana também produzem o leite não alérgico. Uma fazenda da zona rural de Teresina adquiriu 300 animais da raça não alérgica. Com o leite, o produtor ainda consegue produzir queijo coalho não alérgico com menor teor de gordura.

Sintomas da alergia

Os sintomas dos alérgicos em geral são:

- Problemas no estômago e intestino;
- Manchas vermelhas na pele associadas à coceira;
- Inchaço nos lábios e nos olhos;
- Anafilaxia;
- Choque anafilático

Por atingir na maioria dos casos bebês menores de 1 ano de idade, a alergia é uma doença muito séria. O tratamento está associado à dieta alimentar da criança e muitas vezes da mãe, já que muitos bebês ainda se alimentam com o leite materno e a proteína pode passar pelo leite. Os bebês que apresentam a alergia não devem ingerir nenhum produto derivado de leite de vaca. As mães que amamentam entram também nessa dieta. Além disso, deve-se também tomar cuidado com os utensílios para o preparo dos alimentos, que não devem ter contato algum com a proteína.

Fonte: Dialetto


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