23/11/2017 às 20h54min - Atualizada em 23/11/2017 às 20h54min

Workshop aponta alternativas para assegurar a eficiência na produção de leite, diz Embrapa

Planejamento, boas práticas de produção e oferta de alimento são fatores que definem os resultados na produção leiteira. O assunto esteve em discussão no dia 30 de novembro, durante o workshop “Inovações para o futuro do leite”, que reuniu diversos representantes do complexo agroindustrial na Embrapa Trigo, em Passo Fundo, RS.

A Região Sul é a maior produtora de leite no Brasil, com um volume de 12,45 bilhões de litros em 2016. O aumento da produção superou 75% nos últimos nove anos (OCB). O Rio Grande do Sul é o terceiro maior produtor do País, com 4,6 bilhões de litros de leite ao ano (IBGE, 2016). A atividade está presente em 98% dos municípios gaúchos, com o maior volume de produção na Metade Norte do RS.

Apesar da produção leiteira constituir atividade tradicional na agricultura familiar, com mais de 173 mil produtores, 25% dos entrevistados pela Emater/RS afirmam encontrar dificuldades para manter a qualidade do leite e 21% nem sempre consegue atender as exigências das indústrias (Relatório sócio-econômico da cadeia produtiva do leite no RS). “O leite é um produto complexo, tanto na obtenção quanto na manutenção da qualidade até o consumo. A não adoção de boas práticas é o maior problema da produção leiteira em todos os locais produtores no mundo”, avalia o analista da Embrapa Gado de Leite, Rogério Dereti. As boas práticas na produção leiteira abrangem quesitos de estrutura (sanidade, higiene, qualidade), rebanho (nutrição e bem-estar animal), meio ambiente e gestão sócio-econômica na propriedade.

A alimentação do gado leiteiro no RS é a base de pasto (95%), mas segundo o pesquisador da Embrapa Trigo, Renato Fontaneli, o planejamento forrageiro nem sempre é realizado, ocasionando escassez ou sobra de pastagens ao longo do ano: “O clima subtropical da Região Sul permite produzir forragens durante o ano todo, seja através de pasto, feno ou silagem. Um bom planejamento forrageiro, com a diversificação de espécies pode atender a demanda de pasto pelos animais no inverno e no verão”.

Ele avalia que, com um rebanho estimado em 1,5 milhão de vacas leiteiras no RS seriam necessários 1,3 milhão de hectares no inverno para produção de forragens. “O que vemos no Estado são 7,3 milhões de hectares para a soja e milho no verão, e menos de um milhão de hectares em solo coberto com culturas de inverno. Falta forragem, que pode ser produzida na estação fria, justamente onde há necessidade de alternativas econômicas”, explica Fontaneli, lembrando que a baixa oferta de forragens além de aumentar os custos de produção, também implica na redução do volume e na qualidade do leite produzido.

Para ajudar o produtor, diversas iniciativas têm sido desenvolvidas através de assistência técnica pública e privada. Programas da Emater/RS desenvolvem ações voltadas a conservação de solos, integração lavoura-pecuária e sustentabilidade na agricultura familiar, considerando que a área das propriedades com produção leiteira é de 19 hectares, em média. Outra ação são as capacitações promovidas pelo Senar, destinadas a gestão das propriedades rurais.

“Mais da metade das propriedades atingem 150 litros de leite por dia. Muitas vezes falta pouco aprimoramento para que o produtor mediano passe para uma escala empresarial, acima de 200 litros por dia. Ele tem genética, equipamentos, alimento de qualidade, mas descuida em algum detalhe que trava o crescimento”, explica o consultor do Senar Herton Souza de Lima.

Na avaliação da pesquisadora Maira Zanella, o evento atingiu os objetivos porque possibilitou a troca de experiências entre a Embrapa e a Cadeia Produtiva do Leite, com apresentação das tecnologias da Embrapa e amplo debate com as instituições que atuam na atividade leiteira. “O Workshop representou um marco importante para o setor, com perspectivas de fortalecimento das parcerias para atuação conjunta em prol da atividade leiteira”, conclui Maira.


Fonte: Embrapa 


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