23/10/2017 às 20h15min - Atualizada em 23/10/2017 às 20h15min

Queijo em Portugal com metade da produção

Está a chegar menos leite às queijarias. Produtores de queijo Serra da Estrela estimam perdas incalculáveis porque não vão conseguir cumprir contratos com comércio

Em Celorico da Beira, a Estrelacoop, que representa os produtores certificados da Região Demarcada de Produção do Queijo Serra da Estrela, estima uma quebra de produção de queijo para metade, em relação ao ano passado. A cooperativa tem 50 associados que produzem anualmente mais de 50 toneladas de queijo Serra da Estrela.

"Se assim continuarmos, não chegamos às 30 toneladas", aponta o presidente da Estrelacoop, Júlio Ambrósio, lembrando que só no ano passado a cooperativa vendeu 25 toneladas de queijo para um cliente nacional. "Neste momento, há produtores que querem comprar comida para o gado, nomeadamente em Espanha", e não conseguem. E "alguma coisa que há à venda é muito cara", alertou.

"Se temos o melhor produto do mundo - o queijo Serra da Estrela - e ninguém olha para nós, é de lamentar", diz o dirigente.

A Estrelacoop reclama a atribuição de subsídios públicos para as explorações pecuárias da região da serra da Estrela ultrapassarem o atual problema criado pela seca.

A Região Demarcada de Produção do Queijo Serra da Estrela abrange 18 municípios, como Guarda, Fornos de Algodres, Celorico da Beira, Gouveia, Manteigas, Seia, Trancoso, Oliveira do Hospital, Nelas, Penalva do Castelo, Man- gualde e Covilhã.

Na empresa Damar, localizada no Fundão, chega leite para produção de queijo de cerca de 90 fornecedores, de pastores da serra da Estrela, Gardunha e campina de Idanha-a-Nova. Com 25 anos de atividade, é a maioria queijaria da região. Daniel Amarelo, o seu responsável, diz que, se não fosse os queijos em stock, as encomendas seriam afetadas. "Temos contratos firmados com as principais cadeias de distribuição do país. Trinta por cento da produção vai para o estrangeiro. Temos de cumprir os compromissos. Felizmente, temos algum produto em armazém para colmatar esta redução de leite", refere. De uma média de nove mil litros de leite que chegava por dia à Damar, a queijaria está neste momento a recolher sete mil litros. Menos leite, menos queijo. "Os produtores estão a importar comida para os animais. Esperamos que a chuva desta semana seja uma ajuda. Depois do pasto ardido, há de aparecer o verde." É o que Daniel Amarelo tem respondido aos pastores desanimados. "Nunca vi uma coisa assim. Quando comecei, os produtores não estavam preparados para a industrialização. O setor foi evoluindo e foi-se organizando, de modo a não termos épocas paradas. Ora, aquilo a que estamos a assistir é o limite, porque os incêndios destruíram tudo e os pastores não têm capacidade financeira para enfrentar, sozinhos, este flagelo.

Fonte: Diário de Notícias


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