20/09/2017 às 08h17min - Atualizada em 20/09/2017 às 08h17min

O que esperar do setor lácteo neste ano?

Sergio De Zen e Natália Salaro Grigol

A combinação de preços em elevados patamares com baixos custos de produção dava indícios de que 2017 seria um ano positivo para o produtor de leite. O que ele não esperava é que o consumidor, na ponta final da cadeia, fosse frear o mercado ao reduzir a compra de derivados lácteos.

As gôndolas cheias no supermercado e os estoques das indústrias pressionaram a cotação do leite no campo, mesmo na entressafra da produção. Neste atípico cenário de desvalorização, a pergunta que não quer calar é: o que esperar daqui para frente?

De acordo com pesquisas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), os preços no campo devem continuar caindo em setembro. Na opinião de colaboradores, pode haver um recuo médio de R$ 0,268 por litro no Rio Grande do Sul, levando o preço líquido a um patamar próximo de R$ 1,1006/l.

Para “sentir” as tendências no mercado lácteo, é importante acompanhar as negociações do leite longa vida. Por ser o derivado mais consumido no país, ele é um dos pilares na formação da cotação do leite no campo. De acordo com o levantamento de preços diários no mercado atacadista paulista, o longa vida registrou queda acumulada de 4,7% na primeira quinzena de setembro.

Para manter o fluxo de negociações, as vendas têm sido apoiadas na realização de promoções, pois a demanda enfraquecida ocorre por conta da diminuição do poder de compra do brasileiro em função da crise econômica – e o consumo de lácteos é bastante sensível às alterações na renda.

A boa notícia é que há sinais de recuperação da economia. De acordo com dados do IBGE, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 0,2% no segundo trimestre, influenciado pela alta de 1,4% no consumo das famílias, resultado atrelado ao recuo da inflação e à queda na taxa básica de juro. Frente ao cenário otimista, colaboradores do Cepea acreditam que procura por lácteos pode aumentar gradativamente no decorrer do ano, também estimulada pelos baixos patamares das cotações.

Para o produtor, é importante estar atento ao mercado na hora de definir investimentos. Porém, a lucratividade da fazenda depende de um bom planejamento estratégico, focado no aumento da eficiência e produtividade a fim de diminuir os custos de produção – ação essencial para minimizar os riscos mesmo em cenários desafiadores como o atual.


Sergio De Zen é professor doutor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP), e pesquisador responsável pela área de pecuária do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea)
Natália Salaro Grigol é mestre em Ciências pelo Cena-Esalq/USP, cientista de alimentos pela Esalq/USP e pesquisadora da Equipe Leite do Cepea
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