31/08/2015 às 00h00min - Atualizada em 31/08/2015 às 00h00min

Vacinação eficaz e com respeito

Obrigatórias ou não, as vacinas são eficiente estratégia de prevenção de doenças no rebanho leiteiro. Para garantir que funcionem, porém, é preciso que sejam aplicadas de forma adequada e no período correto. Por isso, é essencial que as propriedades tenham um calendário de vacinação. “Muitas propriedades nem sequer contam com programa sanitário para o rebanho.

A vacinação contra brucelose, por exemplo, apesar de obrigatória, ainda não é feita em bezerras por muitos produtores, um problema muito sério”, diz Mateus Paranhos, do Etco – Grupo de Estudos e Pesquisas em Etologia e Ecologia Animal. Um programa sanitário compreende, além de um calendário de vacinação, todas as ações necessárias para reduzir o risco de doenças, como aplicação de medicamentos e outras medidas para evitar a contaminação dos animais. 

Conforme Paranhos, a falta de informação e dificuldades na gestão das fazendas podem fazer com que o produtor não busque as orientações necessárias para desenvolver o programa. “Isso exige planejamento, primeiro porque há um calendário oficial de vacinação a ser cumprido e, segundo, porque algumas das vacinas devem ser aplicadas em fases específicas do desenvolvimento do animal”, observa. “Não ter esse controle aumenta o risco de os animais contraírem doenças e afeta as finanças da propriedade. Em casos como a brucelose, por exemplo, isso pode levar ao descarte do animal.” 

O veterinário Antônio Cândido de Cerqueira Leite Ribeiro, da Embrapa Gado de Leite, de Juiz de Fora, MG, destaca que o calendário de vacinação deve ser elaborado com o apoio de um veterinário e conforme as necessidades do rebanho. No entanto, salienta, é fundamental vacinar os animais contra aftosa e brucelose, que são obrigatórias, e contra raiva e carbúnculo sintomático. 

A vacina contra aftosa é feita em duas etapas por ano, previstas para os meses de maio e novembro – de acordo com o calendário de cada Estado, definido pelo Ministério da Agricultura. Também depende desta programação se a dose será administrada em animais de até 24 meses ou em todo o rebanho. “Sou da época em que a aftosa arrasava com rebanhos. A doença foi perdendo importância à medida que foi sendo controlada, mas o produtor deve continuar atento”, destaca  Ribeiro, que acredita que o acesso à assistência técnica permite ao produtor compreender melhor a importância de vacinar o rebanho. 

Já a vacina contra brucelose é obrigatória somente para as fêmeas na idade entre três e oito meses de idade. Não é indicado vacinar fêmeas acima disso, pois há risco de o exame dar positivo e, com isso, o animal ter de ser abatido. A vacina contra raiva deve ser aplicada anualmente, principalmente nas regiões em que há surto. Por fim, a vacina contra o carbúnculo sintomático deve ser administrada em animais acima de três meses de idade com repetição de seis em seis meses até os dois anos de idade. 

Há outras vacinas que podem compor um calendário de vacinação, como a para prevenir leptospirose, rinotraqueíte infecciosa dos bovinos (IBR) e diarreia bovina viral (BVD), indicadas para cada caso e pelo veterinário responsável. “Isso varia de acordo com cada propriedade”, pondera Ribeiro. Uma vez definida a data e a vacina a ser aplicada, é importante garantir as condições adequadas para que as doses sejam administradas e os animais, protegidos.

Isso implica programar o processo de vacinação dos animais de forma a ser um procedimento o menos estressante possível, seguindo o manejo racional de animais. O professor Mateus Paranhos, do Etco, elaborou em 2014 uma cartilha que orienta a vacinação de bovinos leiteiros. “A resposta imune do animal depende de muitas coisas e o estresse é um dos fatores que inibem essa resposta”, diz. “No caso do bovino leiteiro, isso afeta também a produção de leite”, pondera Murilo Quintiliano, zootecnista e diretor executivo da FAI do Brasil, empresa que atua no treinamento e consultoria para bem-estar animal.

O manual destaca como pontos potencialmente estressantes durante a vacinação itens como a contenção e a aplicação da vacina. Quintiliano explica que o ideal é que o produtor tenha um curral de manejo para tarefas como vacinação e aplicação de medicamentos, por exemplo, com manga, seringa,  e um tronco de contenção. O tronco de contenção permite imobilizar o animal para que o manejo seja feito sem riscos. “Ter uma estrutura adequada é um ponto importante quando se pensa na segurança do animal e também na do trabalhador”, complementa Paranhos.

A cartilha do Grupo Etco orienta que os animais devem ser levados, um a um, ao tronco de contenção, sem pressa, gritos, ameaças ou choques. Além disso, as estruturas de contenção ou porteiras não devem ser jogadas sobre o corpo dos animais. Quando os bovinos são mais reativos ou a ação exigir uma contenção mais firme, como no caso da aplicação de injeções intravenosas, o cabresto pode ser utilizado em complemento à contenção. Um exemplo são animais com chifres, que exigem cuidado extra. 




Autor: Marcela Caetano

Referências bibliográficas: 

Fonte: Mundo do Leite 74


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