16/12/2014 às 10h49min - Atualizada em 16/12/2014 às 10h49min

Retrospectiva 2014

Nos últimos doze anos fazemos uma retrospectiva da cadeia láctea, e este ano não seria diferente, mesmo que ele pareça muito com outros anos que se passaram. A produção de leite no Brasil deve ter aumentado cerca de 5% em 2014, conforme projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Se confirmado o aumento, a produção deve chegar a 36,75 bilhões de litros em um ano. Em 2013, a produção leiteira foi de 35 bilhões de litros, sendo 35% a mais que os 26 bilhões contabilizados em 2007.

A maior variação quantitativa de aquisição de leite ocorreu no Sudeste do país, representando em termos relativos 13,6% de aumento relativamente ao mesmo trimestre de 2013. Esta variação foi influenciada pelo aumento ocorrido em Minas Gerais, estado que teve maior variação positiva na aquisição do produto em termos nacionais. Minas Gerais é o estado que mais adquiriu leite (cerca de 27,6% do total nacional), seguido pelo Rio Grande do Sul (13,7%), Paraná (11,7%), Goiás (11,1%) e São Paulo (10,3%).

Na “média Brasil”, o valor líquido (sem frete e impostos) pago ao produtor recuou 0,81% de agosto para setembro, fechando a R$ 1,0037/litro. Esta média é ponderada pelo volume de leite captado em agosto/2014 nos estados da BA, GO,MG, PR, RS, SC e SP. Na comparação com setembro/2013, o preço está 8,9% inferior em termos reais (descontando-se a inflação – IPCA de agosto/2014). 

O preço bruto médio (que inclui frete e impostos) pago ao produtor foi de R$ 1,0896/litro em setembro, redução de 0,75% em relação ao mês anterior. O recuo nos valores pagos ao produtor foi influenciado, principalmente, pelo aumento da captação em todos os estados que compõem a “média Brasil”. Além disso, a demanda desaquecida pressionou as cotações dos derivados no atacado em setembro. 

Um grande problema que aconteceu em 2014, e que provavelmente irá acontecer novamente em 2015, será a falta d’água. As chuvas estão ocorrendo fora da época, em grandes volumes em alguns lugares e baixo volume em outros, que tradicionalmente chovia bem durante o ano. Com escassez de água, não se pode plantar milho, capim, cana, sorgo, dificultando também a formação de pastos, alimentos que tradicionalmente são produzidos pelas fazendas leiteiras. Adquirir este alimento de terceiros, irá com certeza, aumentar os custos, dificultando ainda mais a vida do produtor.

Preço do leite - Enquanto o produtor não se profissionalizar, fazendo com que o gado produza mais leite ao longo da lactação, nunca ouviremos que o “CAMPO SAIU DA CRISE”. Quando comecei a estudar esse assunto com mais atenção - o leite, desde 1990, ouço falar em crise na cadeia do leite. O Brasil, se comparado a outros países produtores, é o que mais recebe por litro de leite in natura. 

Em termos reais e ajustando pela quantidade de proteína e gordura no leite, o preço médio no Brasil entre 2008 e 2014 foi US$6,68/kg de sólidos de leite (gordura e proteína). No Chile, Uruguai e Nova Zelândia, no mesmo período, o preço foi somente entre US$5,43 e US$5,54/kg sólidos ou seja 18% menos que no Brasil! Los hermanos, na Argentina, realmente têm algo a reclamar pois o preço ao produtor foi somente US$4,79/kg de sólidos, 28% menos que o Brasil e até produtores dos EUA somente receberam US$5,98/kg, 10% menos que o Brasil. Conforme o Boletim do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA), divulgado na última sexta-feira (20/12), o alto valor pago pelo produto neste ano deve motivar os criadores de gado leiteiro a investirem na expansão dos negócios. 

A previsão para o próximo ano é que os preços continuem em alta. A redução nas importações do leite e seus derivados, devido ao aumento do dólar que encarece as compras internacionais, será responsável pela valorização. A demanda também deve continuar aquecida para os próximos anos, já que há um déficit na produção nacional.

Produtividade e custos da mão de obra são desafios para pecuária leiteira.

Mão de obra: Uma comparação entre Nova Zelândia e Goiás usando o estudo de SENAR de 2009 mostrou que um funcionário numa fazenda na Nova Zelândia ganha oito vezes mais que um funcionário no Brasil, mas produz vinte e duas vezes mais leite por ano! Enquanto se precisa de algo como 35.000 fazendas no Brasil para produzir 1 bilhão de litros, somente se precisaria de 517 fazendas na Nova Zelândia ou 570 fazendas nos EUA. Já falamos acima do grande problema que é o custo da mão de obra nas fazendas leiteiras. Porém, ele pode ter efeito menor se tivermos produtividade.

Produtividade: Há doze anos que estamos falando em produtividade na fazenda leiteira. O grande problema é a falta de mecanização e a pequena escala, o custo de baixa produtividade, os custos de logística de leite cru e o custo de gerenciamento da cadeia que são enormes comparados com outras nações exportadoras, sem mencionar os problemas de qualidade e a fraude que estamos observando na cadeia principalmente devido a complexidade da mesma. 

Como podemos ser um país exportador de leite concorrendo com outras nações e toda a produtividade que eles têm sem um grande avanço nesses assuntos? Sem uma política voltada para estes temas de suma importância a sobrevivência do setor, iremos ainda por muitos e muitos anos falar em qualidade mínima do leite e também tecnificação do setor.

Obs: Alguns dados foram retirados de artigos do Site Milkpoint

Saudações Laticinistas
Marco Antônio Cruvinel L. Couto
Site Ciência do Leite


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